SIRIPIPI

SIRIPIPI

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A LENDA DA FEITICEIRA

Olavo Amado, nasceu em S.Tomé a 19 de maio de 1979

A senhora Malanzo era velha, muito velha.
A senhora Malanzo era pobre, muito pobre.
Não tinha filhos, não tinha netos
Não tinha sobrinhos, não tinha afilhados
Nem primos tinha, nem enteados.
Era muito pobre e muito velha
Muito velha e muito pobre era

Era velha, era pobre a senhora Malanzo.
Conceição Lima

SENHOR BARÃO

Neto Silva, nasceu a 5 de agosto de 1983 em S. Tomé, S. Tome e Princípe


É preciso não perder
de vista as crianças que brincam:
a cobra preta passeia fardada
à porta das nossas casas.
Derrubaram as árvores de fruta-pão
Para que passemos fome
E vigiam as estradas

receando a fuga do cacau.
Manuela Margarido

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O QUE DIZ A MORTE

Alfredo Margarido, nasceu a 5 de fevereiro de 1928 em Moimenta e faleceu a 12 de outubro de 2010, Portugal



Deixai-os vir a mim, os que lidaram; 
Deixai-os vir a mim, os que padecem; 

E os que cheios de mágoa e tédio encaram 

As próprias obras vãs, de que escarnecem... 


Em mim, os Sofrimentos que não saram, 
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem. 
As torrentes da Dor, que nunca param, 
Como num mar, em mim desaparecem. - 

Assim a Morte diz. Verbo velado, 
Silencioso intérprete sagrado 
Das cousas invisíveis, muda e fria, 

É, na sua mudez, mais retumbante 
Que o clamoroso mar; mais rutilante, 
Na sua noite, do que a luz do dia. 
Antero de Quental

SABER

Alfredo Keil, nasceu a 3 de julho de 1850 em Lisboa e faleceu a 4 de outubro de 1907 em Hamburgo, Portugal


Saber saber 

é saber saber-te 
sabermo-nos unir 

unirmo-nos 
é conhecermo-nos 
sabermos ser 

por fim sermos 
é sabermos 
sabermo-nos 

conhecermos 
a surda áspide 
Ana Hatherly

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

SE ME PERGUNTARES

Estevão Mucavele, nasceu a 23 de janeiro de 1941 em Manjacaze, Gaza, Moçambique


Se me perguntares
Quem sou eu
Cavada de bexiga de maldade
Com um sorriso sinistro
Nada te direi
Nada te direi
Mostrarte-ei as cicatrizes de séculos
Que sulcam as minhas costas negras
Olhar-te-ei com olhos de ódio
Vermelhos de sangue vertido durante séculos
Mostrar-te-ei minha palhota de capim
A cair sem reparação
Armando Guebuza

NEGRA AZUL

Elias Mathonse, nasceu a 5 de setembro de 1955 em Magude, Moçambique


Pelas tuas costas, colinas,
tuas ancas, latejam
leitosas, as asas do abandono,
cessa a vida, morre o canto
e a noite é
a cintilação dos murmúrios
a musicada vertigem
do silêncio.
Virgílio de Lemos

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

SI MORTU TEN DI LEBAN

José Freitas de Barros, nasceu a 24 de novembro de 1953 em Bissau, Guiné Bissau


Si mortu ten
de leban
pa i pera n bokadifiu son


N misti mati
sabura di no tera
N niisti mati
avansu di no povu
N misti odja
garasa mais bunitu
na rostu di mininus

Dulce Neves

ATÉ QUANDO, MINHA GUINÉ?

João Carlos Barros, nasceu a 24 de março de 1959 em Bissorá, Guiné Bissau


refutarás o rumo certo desta vida
o ressuscitado com poder de salvar-te
contentar-te-ás com a mudez e ceguez

sempre calar e nada ver para não desviver
até quando, minha Guiné?
Delo Belo

terça-feira, 24 de setembro de 2013

HAIKAI AGRIDOCE

Armando do Rosário, nasceu a 1959 em S. Vicente, Cabo Verde

Ao Mito

a flor do lotus, o mel de abelha, a borboleta exótica...
ainda que cuidemos do nosso jardim de sonhos
no vinagre dos dias haverá sol para o cravo amanhecer?
Filinto Eliso

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

ÉRAMOS TU E EU

Albertino Silva, nasceu a 1967 em S. Vicente, Cabo Verde



Éramos eu e tu
Dentro de mim
Centenas de fantasmas compunham o espectáculo
E o medo
Todo o medo do mundo em câmara lenta nos meus olhos.

Mãos agarradas
Pulsos acariciados
Um afago nas faces.
Dina Salustio

CANTO GENETLÍACO

Albano Vizotto Filho, nasce a 30 de março de 1928 em Garça, S. Paulo, e faleceu a 14 de março de 2002 em S. Paulo, Brasil


Bárbaros filhos destas brenhas duras, 
nunca mais recordeis os males vossos; 
revolvam-se no horror das sepulturas 
dos primeiros avós os frios ossos: 
que os heróis das mais altas cataduras 
principiam a ser patrícios nossos; 
e o vosso sangue, que esta terra ensopa, 
já produz frutos do melhor da Europa. 
Inácio José de Alvarenga Peixoto

SONETO DAS NUVENS E DA BRISA

Aimé-Adrien Taunay, nasceu em Paris em 1803 e faleceu em Guaporé, Mato grosso, a 5 de janeiro de 1928, Brasil


Os pássaros nostálgicos... Errantes,
mágicos do crepúsculo, soprando
das longas asas trémulas o brando
vento da tarde; e logo, em céus cambiantes

alvos bicos de pluma tão distantes
e efémeras imagens modelando: 
sereias e hipocampos, entre o bando 
de carneiros, e rosas, e elefantes,

cães e estrelas, dragões, ou aguçadas
torres, na superfície roseoviva
por onde voga, acesa, a caravela

e nas longas asas captam, retesadas,
a poesia da tarde, fugitiva,
mas eterna no instante em que foi bela.
Waldemar Lopes



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

EX-VOTO

Carlos Ferreira, nasceu a 30 de abril de 1925 em Luanda, Angola


O tempo pode medir-se
No corpo

As palavras de volta tecem cadeias de sombra
Tombando sobre os ombros

A cera derrete
No altar do corpo

Depois de perdida, podem tirar-se
Os relevos
Ana Paula Tavares

MÚSICA SANGUÍNEA

Carla Peairo, nasceu a 31 de dezembro de 1961 em Benguela, Angola

No cimo do tambor
continuar brincando, queria,
mas não,
Cantar o belo,
mas as mãos, os olhos, a carne?
(quanto sofre a carne inconformada)
ter olhos passando tempo
pelo imediato,
eu passo
por aqui, sempre
(como não encontro o infinito)
a angústia no caso
que não há.
Ana de Santana

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

TIMOR

Maria Dulce Martins, nasceu em Lisboa em 1953, descendente de família tradicional timorense Same-Manufahi, Timor Leste



É de Timor que vem
O grito da esperança
É de Timor que vem
O sim estridente da metralha
É de Timor que vem
A pátria que não se alcança
É de Timor que vem
O rugido da canalha


Timor



Um dia te farás
Do sangue
Ressurgirás

Helena Monteiro

CANTA

Abel Jupiter, Timor-leste


Deixa que o Sol se ponha! Que a Lua sorria!
Deixa que as bátegas
da chuva,
inundem a tua floresta,
banhem as tuas terras...



Deixa que o orvalho da manhã,
faça florir a tua selva...
a tua casa...o teu abrigo...
É lá que vives,
sofres,
amas,
sonhas....!

Felizardo Guerra


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

PARA UM LEQUE

Armindo Machado, nasceu em Trindade a 2 de novembro de 1959, S. Tomé e Príncipe


Se eu lhe fosse depor, minha senhora,
Por entre estas mentiras cor de aurora
Uma verdade sã e proveitosa,
Chamava-lhe vaidosa!
E, faça-me favor,
Não encrespe esse olhar acostumado
Ao falso galanteio delicado
E a finezas de amor.
Caetano Costa Andrade

PAISAGEM

Mário Laires, nasceu a 25 de março de 1967 em S. Tomé, S. Tomé e Princípe


Entardecer... capim nas costas
do negro reluzente
a caminho do terreiro.
Papagaios cinzentos
explodem na crista das palmeiras
e entrecruzam-se no sonho da minha infância,
na porcelana azulada das ostras. 
Manuela Margarido

terça-feira, 17 de setembro de 2013

SEUS OLHOS

Alexandre Reigada, nasceu a 1971 em Lourenço Marques, Portugal

Seus olhos - que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou -
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Almeida Garrett

A OUTRA METADE

Albuquerque Mendes, nasceu a 1953 em Trancoso, Portugal


Quando este corpo meu esfacelado
Baixar á leiva húmida da cova,
Hão de os jornais carpir a infausta nova,
Taxando-me de sábio consumado.

Estalará na imprensa enorme brado,
Pedindo a ressurgência d’um Canova
Que a morta face em mármore renova
Para insculpir meu busto laureado.
Camilo Castelo Branco

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

SONS EM UNÍSSONO

Eduardo Abrantes, nasceu a 12 de março de 1957 na Beira, Moçambique

A mão que me lê
ganha no espelho
a pupila
de uma luz imensa
no fundo da concha.

É o que se me vê(m) além
da cotilédone da pele:
sons ruidosos
em uníssono.
Tânia Tomé

NEGRA AZUL

Eduarda Coutinho, nasceu a 12 de setembro de 1953 em Quelimane, Moçambique


A velha rua dos casinos ri-se
velha cigana, tempo
que vai a rua para dar
um ar da sua graça:
na noite, guerras de sedução,
passeiam-se velhas e jovens
putas, marinheiros, músicos,
mangas de alpaca.
Corpos que se exibem, sexos
que ejaculam,
do solitário deserto
ao imprevisível
vulcão.
Virgílio de Lemos

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

CUSTOS DA MINHA VIDA

João Carlos Barros, nasceu a 24 de março de 1959 em Bissorã, Guiné Bissau


Sincronizada nas engrenagens de marcha arrière
A vida que contem ingredientes a sabor de presunto
Seguia-lhe longos paços da ruína
Trazia um ritmo de lentidão
Comprometendo a rotina.

O roteiro do mistério da misericórdia
Envergando olhares pomposos
Dos olhos lacrimosos
Da contenda do dia esfregado
Flauta entoando imprevisível música

Que ninguém quer fazer coro.
Augusto Tchuda

AH! GUINÉ, GUINÉ BISSAU

João Cardoso, nasceu a 30 de março de 1964 em Bafatá, Guiné Bissau


às vezes escolho plantar palavras 
para impedir que a amargura 
de sempre ver-te a sangrar
sob lágrimas que tolhem-te
decapite o eterno meu amor por ti  

às vezes prefiro escrever
ilustrar uma nova e limpa terra
arquitetar um hílare mundo 
aos netos que herdarão esse vazio
que até hoje gatinha no lamaçal
Delo Belo

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

MORNA

Pedro Rosa, nasceu a 26 de dezembro de 1969 em Santiago, Cabo Verde



É já saudade a vela, além. 
Serena, a música esvoaça 
na tarde calma, plúmbea, baça, 
onde a tristeza se contém.

Os pares deslizam embrulhados 
de sonhos em dobras inefáveis. 
(Ó deuses lúbricos, ousáveis 
erguer, então, na tarde morta 
a eterna ronda de pecados 
que ia bater de porta em porta!)

E ao ritmo túmido do canto 
na solidão rubra da messe, 
deixo correr o sal e o pranto 
— subtil e magoado encanto 
que o rosto núbil me envelhece.
Daniel Filipe   

PECADO ORIGINAL

Nobre de Mello, Cabo Verde


Passo pelos dias
E deixo-os negros
Mais negros
Do que a noute brumosa.

Olho para as coisas
E torno-as velhas
Tão velhas

A cair de carunchos.
Corsino Fortes

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

VISÕES DE HOJE

Agostinho José da Motta, nasceu a 18 de junho de 1824 no Rio de Janeiro e faleceu na mesma cidade a 21 de agosto de 1878, Brasil


Século dezenove! o bronze do teu vulto
Há de ser venerado, há de se impor ao culto
Dos pósteros, bem como impõe-se à escuridão
Um relâmpago, um raio, um brilho, uma explosão!

Martins Júnior

FORMOSA

Agostinho Batista de Freitas, nasceu a 1927 em Paulínia, S. Paulo e faleceu em 1997 na mesma cidade, Brasil

Formosa, qual pincel em tela fina
Debuxar jamais pôde ou nunca ousara;
Formosa, qual jamais desabrochara
Na primavera rosa purpurina

Formosa, qual se a própria mão divina
Lhe alinhara o contorno e a forma rara;
Formosa, qual no céu jamais brilhara
Astro gentil, estrela peregrina

Maciel Monteiro

terça-feira, 10 de setembro de 2013

SÉTIMO POEMA

Beto Medina, nasceu a 20 de junho de 1972 em Luanda, Angola


Dormitei na noite coberta de frio
Enquanto sonhava
Com a tempestade que me cobria
Quando subtilmente
Entreabri os olhos
E despertei sobressaltada
Ouvindo uivos e ganidos do vento furioso a lamentar-se.
Ana Branco

A CANÇÃO DO SILÊNCIO

Armando Santos, nasceu a 26 de janeiro de 1969 em Caconda, Angola


A canção do silêncio é um poema ao suspiro
Mergulhado
Na profundeza do Índigo

O olhar de uma santa de barro

A linha do equador à deriva do pensamento
Gelo e sal e larva e mel

A canção do silêncio
Amélia Dalomba

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

REGRESSO ETERNO

Francisco Stoca, nasceu em Timor Leste


Altos silêncios da noite e os olhos perdidos,
Submersos na escuridão das árvores
Como na alma o rumor de um regato,
Insistente e melódico,
Serpeando entre pedras o fulgor de uma ideia,
Quase emoção;
E folhas que caem e distraem
O sentido interior
Na natureza calma e definida
Pela vivência dum corpo em cuja essência
A terra inteira vibra
E a noite de estrelas premedita.
Rui Cinatti

A VOZ DA MÃE

Abel Jupiter, nasceu em Bacau, Timor-leste


A voz da mãe:
uma voz de compaixão
uma voz de devoção
muitas vezes cantando
no espaço da sublime verdade
Abel Barreto

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

NEGBA

Dário Carvalho, nasceu a 13 de fevereiro de 1968 em S. Tomé, S. Tomé e Príncipe



Passas dengosa 
perfumosa
exibindo olhares lascivos
às multidões do sexo. 


Balouças 
a flor de lótus
que escondes no teu corpo 
por entre a garridez 
de tecidos virginais
e vais
deixando pólen
gostoso
africanoso
em detalhes colíricos
de afectuosas manhãs
Olinda Beja

CANTARES SAOTOMENSES

Xavier, Manuel Mendes Afonso Xavier, nasceu a 24 de novembro de 1947 em S. Tomé, S. Tomé e Príncipe

Brotam espinhos da rosa,
O incêndio brota do lume.
A traição brota das juras,
Brota do amor o ciúme.
Caetano da Costa Alegre

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A VOLTA AO MUNDO EM 50 POEMAS

Leonor Vaz de Carvalho, nasceu em Vila Real, Portugal

Aqui, onde as aldeias envelhecem
a memória persiste,
cravada no granito das casas
e nas rugas dos rostos…
Vitor Nogueira

E AO ANOITECER

Silvia Marieta, nasceu a 1982 em Lisboa, Portugal


e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão 
deixas viver sobre a pele uma criança de lume 
e na fria lava da noite ensinas ao corpo 
a paciência o amor o abandono das palavras 
o silêncio 
e a difícil arte da melancolia

Al Berto

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

CONFIDÊNCIAS

Edgar Silva, nasceu a 29 de março de 1972 em Maputo, Moçambique


Diz o meu nome
pronuncia-o
como se as sílabas te queimassem os lábios
sopra-o com a suavidade
de uma confidência
para que o escuro apeteça
para que se desatem os teus cabelos
para que aconteça
António Emílio Leite Couto

O MESTIÇO

David Maciel, nasceu a 1956 na Beira, Moçambique



Que condição
Esta de ser 
O que sou…!
Para ser Africano pleno
Tenho de admitir ser 
O que não sou
Para ser Europeu de corpo
Inteiro
Tenho de fingir e 
Procurar ser o que
Não sou.
Que dilema este
De ser
O que sou
Sendo o que não sou!
Delmar Maia Gonçalves

terça-feira, 3 de setembro de 2013

NA QUINTA DO POETA

Frederick Rodrigues Sinty, nasceu a 1975 em S. Domingos, Guiné Bissau



Versos ordenhados
na quinta do poeta
nas gavetas prenhes
apascenta-se ovelhas 

rebanho de casta negra

besta assexuada
acorrentada à gravata
numa caneta feita
estaca espera-se a morte
para se regenerar
Adão Quadé

SINAIS DE PAZ

Flaviano Mindela dos Santos, nasceu a 17 de abril de 1968 em Bissau, Guiné Bissau



A certeza nas nossas mentes,
O amanhã como um farol à nossa frente,
A esperança no coração,
Avançamos sempre adiante com a nossa terra,
E por causa do amanhã
Venceremos na glória de Brá!

Huco Monteiro

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

TESTAMENTO PARA O DIA CLARO

Kiki Lima, nasceu a 15 de Abril de 1953 em Ponta do Sol, Santo Antão, Cabo Verde


Quando só restar na franja da memória
Lapidada pelo buril dos tempos ácidos
A estria da amargura inconsequente
E a palavra da boca dos profetas
Não ricochetear no muro do concreto
Da negrura sem fundo de um poço submerso

Sejais vós ao menos infância renovada da minha vida
A colher uma a uma as pétalas dispersas
Da grinalda dos sonhos interditos.
Arnaldo França